quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Neo-frugalismo e o guarda-roupa francês

Muito tem se falado, ultimamente, sobre uma nova abordagem na maneira e na freqüência com que as pessoas consomem, devido à crise financeira que tomou conta do mundo (e que já chegou ao Brasil, mais rápido e com mais força do que muitos esperavam). Produtos de alta tecnologia, como eletrônicos, e peças de vestuário caras devem ser os primeiros (e mais) atingidos, pois são imediatamente classificados como "supérfluos" (cosméticos não entram nesta categoria, acredito eu, porque temos uma população vaidosa e um mercado que atende a todas as faixas de consumo, da classe A à classe E) e, portanto, serão os primeiros a serem cortados da lista de must-haves dos consumidores brasileiros.

Já há algum tempo vem-se discutindo, nos EUA (onde a crise já perdura por dois anos), uma tendência de consumo voltada para a moda que recupera uma filosofia largamente utilizada na época da 2ª Guerra Mundial e teorizada no livro "A Guide to Elegance", escrito na década de 60 pela francesa Genevieve Dariaux. O chamado "guarda-roupa francês" nada mais é do que um capsule wardrobe, constituído de um determinado número de peças básicas e essenciais em qualquer guarda-roupa - no Brasil, essas peças são popularmente conhecidas como "peças-chave" ou curingas.

Imagine montar um guarda-roupa inteiro com peças-curinga? Agora imagine fazer uma lista, a cada estação, com apenas quatro ou cinco peças essenciais para acrescentar ao seu guarda-roupa? É um desafio e tanto. Em tempos de crise, um guarda-roupa formado de peças que dialogam bem entre si, formando um todo harmônico, versátil e equilibrado, é uma boa opção para quem quer cortar os gastos com novas peças que apenas reflitam a tendência vigente e não acrescentam muito ao estilo pessoal.

Para seguir a filosofia do guarda-roupa francês, é preciso abandonar o padrão de consumo ditado a cada nova estação. É preciso ter disciplina para incorporar as novas tendências em pouquíssimas peças, e deixar o update propriamente dito para os acessórios (que também não serão muitos), maquiagem e cabelos e para o styling do dia-a-dia. É importantíssimo refrear o impulso de renovar o guarda-roupa inteiro e tentar adaptar o guarda-roupa montado à tendência vigente na estação, complementando-o com algumas poucas peças a cada seis meses. Alguns itens não tão básicos vão ajudar a compor um guarda-roupa diversificado, um pouco mais colorido e menos austero.

O "guarda-roupa da crise" é composto de peças duradouras - tanto no estilo quanto no material -, versáteis, em cores que possibilitem diversas combinações - não só preto, branco e azul marinho, mas também aquelas cores que combinam melhor com o tom de pele e o tipo físico -, e de acessórios com as mesmas qualidades, especialmente as bolsas e os sapatos. É aquele guarda-roupa clássico que muitas avós (e algumas mães) têm, mas atualizado para a nossa época, com mais opções e menos limitações de estilo. É um investimento, e uma forma de não só disciplinar o consumo, mas também de levar o estilo pessoal de volta àquilo que é básico, importante e essencial. Quantas vezes você compra um monte de novas peças e se vê naquela dilema de não saber o quê vestir? Um guarda-roupa "em cápsula" pode resolver este problema.

E onde o neo-frugalismo entra nessa história? Simples. Se somos levadas a repensar a maneira como consumimos, passamos a comprar menos, obviamente. E, consumindo menos, adquirimos somente aquilo que realmente precisamos. Desse jeito, fica mais fácil (e alguns R$ mais perto) planejar aquela viagem à Europa - e dependendo do quanto você conseguir economizar, dá até para dar um pulinho na Galeries Lafayette e comprar umas pecinhas francesas clássicas e duradouras.

Para quem quer entender um pouco melhor o que é o neo-frugalismo, aqui vai uma dica de leitura:

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